O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou hoje, quinta-feira (28), suas projeções indicando que a inflação oficial do país deve encerrar o ano de 2024 em 4%, alinhada com a meta estabelecida pelo Banco Central.
Essa estimativa, parte da análise trimestral conduzida pelo Ipea, mantém-se consistente com as previsões anteriores, embora tenha havido ajustes no comportamento esperado da inflação.
Os pesquisadores Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes observaram que, no início do ano, os preços dos alimentos exerceram uma pressão maior sobre o orçamento dos brasileiros. No entanto, houve um alívio nos serviços de educação em fevereiro, resultando em uma revisão para baixo nas projeções de aumento dos serviços livres, que abrangem diversos setores como transporte, recreação, serviços médicos e comunicação.
Eles explicam: “Enquanto a projeção para a inflação dos alimentos avançou de 3,9% para 4,1%, devido aos aumentos acima do esperado nos primeiros meses do ano, a estimativa para os serviços livres recuou de 5% para 4,8%, refletindo um ajuste mais moderado nos serviços de educação (6,3%), em comparação com a projeção anterior (7,5%)”.
Entretanto, os pesquisadores alertam para a possibilidade de fatores internacionais influenciarem a inflação, como o crescimento econômico em outros países e a resolução de conflitos armados que afetam as cadeias de suprimentos.
As projeções do Ipea referem-se ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Ipea identifica um processo de desaceleração da inflação no Brasil. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses diminuiu pelo quinto mês consecutivo, atingindo 4,5%, o que representa uma queda de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. No ano anterior, o IPCA fechou em 4,62%.
O estudo também prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) encerrará 2024 em 3,8%. O INPC mede o aumento do custo de vida das famílias com renda de um a cinco salários mínimos, enquanto o IPCA amplia a amostra para incluir até 40 salários mínimos.
Meta de inflação
A projeção do Ipea de 4% para o IPCA em 2024 está alinhada com a meta estabelecida pelo Banco Central (BC), que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A manutenção da inflação projetada dentro desse intervalo é um dos fatores que embasam o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC na redução da taxa básica de juros da economia, a Selic.
Uma Selic mais baixa tem como reflexo o estímulo ao crescimento econômico e à geração de empregos e renda.
Desde a última reunião do Copom, em 20 de março, a taxa está em 10,75% ao ano.
Na terça-feira (26), o IBGE divulgou o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, que acumulou 4,14% nos últimos 12 meses.
